Começou muito bem. Havia entrado no curso que sempre desejara, Economia, embora não fosse na instituição que idealizava. Se inicialmente ainda senti alguma frustração, logo aceitei a realidade e sentia-me feliz por pertencer à melhor academia do país, a Universidade do Minho!
Experimentei a praxe e, apesar de não a ter achado abusiva tal como falam na televisão, desisti. Simplesmente não me identificava com o que lá era feito e ainda hoje digo que todos devem experimentar a praxe e só depois formar a sua opinião.
Mudava-me para Braga... e começava o reboliço! Começava a sentir-me imensamente sozinha, apesar de ter à minha volta muita gente.
Tirei a primeira negativa da minha vida... e foi o começo de uma queda livre. Senti muitas dificuldades e comecei a achar que ia deixar cadeiras para trás. Comecei, pela primeira vez da minha vida, a duvidar das minhas capacidades. Sentia-me incapaz de completar toda esta etapa. Passou-me mesmo pela cabeça desistir de tudo aquilo, de desistir de um sonho que tinha desde pequenina: o de estar na universidade.
Chorei... e chorei mais do que pensava. Tive ataques de ansiedade. Cheguei a sair das aulas e regressar a casa dos meus pais. Fazia 100km por dia para refugiar-me e fugir do problema.
Mas nem tudo foi mau... ainda aconteceram episódios caricatos e aprendi a desenrascar-me sozinha: tive de cozinhar para mim e cozinhava mais saudável do que julgava. Tive um furo num pneu numa sexta de manhã: tentei colocar o macaco e iniciar todo o processo de troca de pneu.... mas acabei mesmo por chamar a assistência e vieram trocá-lo. Fui embora com uma bela rodinha suplente, que mais parece a roda da minha bicicleta.
Havia me dado conta que até simpatizava com Direito Comercial. Fiz do meu livro de Código um autêntico arco-íris repleto de post-its.
Afinal, nem tudo foi mau... e começava a sentir que não poderia estar em melhor lugar.


Mudei de atitude. Voltava a sorrir. Havia metido na cabeça que eu era mais forte que tudo aquilo que tinha passado no primeiro semestre. Olhava para o semestre anterior e não queria passar pelo mesmo.
Confiei em mim e correu tudo bem. Foi um semestre cheio de trabalho e deixou-me exausta. Apesar de tudo, seguia em frente cheia de força.
Dei-me conta que as tarefas domésticas são uma ótima maneira de se descontrair depois de horas de estudo... que os programas de decoração e de cozinha eram dos meus favoritos. Não perdia um episódio de Hawai Força Especial todas as santas quintas-feiras à noite. Descobri que sou uma picuinhas em termos de organização e que ando sempre de pano na mão para retirar pó dos móveis (loucura, eu sei!).
Comprei o traje académico e vesti-lo foi uma sensação estranha. Sentia orgulho e, ao mesmo, não me convencia que era a minha vez de trajar. Mas era... era a minha vez!
Sorri e soltei toneladas de piadas à boa moda da Andreia. Também entrei em stress, também me deu vontade de mandar tudo para o ca*%#&o. Sim, porque também todos temos esse direito pelo menos uma vez.
Descobri muitas coisas, inclusive, competências de mecânico (esta menina é pra casar, caraças ahahahah). E tudo isto por causa de uma fuga de óleo no meu carro: e lá tive eu de colocar óleo da direção assistida no meu boguinhas!
Ficava (e continuo a ficar) feliz quando o gasóleo descia, nem que fosse meio cêntimo. Sábado era dia de verificar óleo do motor e a água.
Descobria um pequeno gosto pela contabilidade ao achar piada aos registos de transações nas contas (quando meio mundo achava aquilo terrível).
E tudo terminou com as terríveis frequências / exames / objetos de tortura psicológica... e vieram as férias!