" Cada um trabalha com seu próprio fuso horário. As pessoas conseguem lidar com situações apenas de acordo com seu próprio tempo. Trabalha com teu próprio tempo. Os teus colegas, amigos, conhecidos mais jovens podem parecer estar “à tua frente”; outros podem parecer estar “atrás”. Não os invejes nem gozes. Eles apenas estão no seu próprio tempo – e tu estás no teu. Tu não estás atrasado nem adiantado. Estás exatamente na hora certa"

Já várias vezes me apareceram estas palavras enquanto navego entre redes sociais, blogues, Pinterest e outras tantas plataformas capazes de me entreter durante horas. Primeiramente, não lhes dava grande atenção, contudo, de tantas vezes me deparar com elas, dei por mim a refletir sobre isto.

Nunca nada fez tanto sentido como esta citação. Ninguém está atrasado nem adiantado nesta vida.
Ainda há poucos anos, eu era dessas a quem me fazia imensa confusão determinadas situações e que me questionava do porquê de eu "ser diferente" em determinados aspetos.

Senão vejamos: tinha eu uns 14 anos e a maioria das minhas amigas já tinham um namorado. Eu, por outro lado, não tinha e, por vezes, não me conformava com tal situação e me perguntava o porquê de eu ser "diferente"?

Ainda há pouco, eu era uma defensora de uma quase linha certa de vida, repleta de targets. Namorar pelo menos uns 3 anos para casar aos 27/28 e aos 30 ser mãe. Era tudo bastante linear para mim e estava convicta que assim é que tinha de ser e não haveria volta a dar.

A verdade é que o tempo foi passando e o que aprendi fez-me mudar por completo. Basta olhar para o meu redor e ver que, das pessoas que me rodeiam, todas têm um horário tão diferente que me fazem mesmo questionar quem sou eu para definir tão linearmente tamanho "calendário"? Quem sou eu para dizer que esta linha de vida é que é melhor?

A minha mãe, com 20 anos, trabalhava já há 6 anos, estava casada há praticamente dois,  já tinha um filho, não tinha carta de condução e tinha a sua casa para cuidar. Eu, hoje com 20 anos, estou a tirar uma licenciatura, vivo em casa dos meus pais e sou dependente deles financeiramente. Tenho carta há dois anos e digamos que nunca tive um namoro a sério (os namoricos da primária e jardim de infância não contam, verdade?).

É certo que a minha mãe é de outra geração e os "tempos eram outros", mas basta eu olhar para amigos da minha idade e ver que o cenário é também diferente do meu. Como tal, é impossível dizer quem está melhor ou pior da vida.

Exemplo disso é o facto de eu estar a ir para o último ano da minha licenciatura em Economia e tenho uma amiga de há já alguns anos, da minha idade, que vai agora para o segundo ano de Geografia e tenho um amigo que este ano é que vai entrar no ensino superior, sendo que já passou pelo mercado de trabalho.

O que é que nós os três temos em comum? Temos a mesma idade, frequentamos exatamente o mesmo curso no secundário, só que, no final, os nossos caminhos começaram a separar-se. E ninguém é mais inteligente que outro, nem há um mais sortudo que os outros.
As coisas aconteceram assim porque "tinham de ser assim". Ponto. Como tal, é impossível afirmar quem está mais avançado ou quem está melhor.
Cada vida é única e, assim sendo, as vivências são diferentes e chegam cada uma no seu tempo adequado (vamos acreditar que temos uma espécie de "destino traçado").
Mas ainda há muito boa gente que continua fazendo julgamentos sem fundamento nenhum. Falo na primeira pessoa: já vi bem a cara que fazem algumas pessoas quando digo que não tenho namorado.
Uma coisa tão simples como esta é motivo para tamanho julgamento. E não é que cheguei mesmo a ouvir aquela típica frase do "Uiii, vais ficar para tia!". Excuse me? Tenho 20 anos e uma vida inteira pela frente! Quando tudo isso tiver que acontecer, pois que venha que aqui estarei.
Já lá vai o tempo em que me sentia "atrasada" nesse aspeto e avançada noutros. Eu estou na minha própria caminhada e não num campeonato a ver quem chega primeiro à meta. Eu estou no meu tempo certo, melhor que um relógio suíço... os demais estão cada um no seu local exato.

Já há muito tempo que não refletia deste jeito por aqui, mas, hoje, teve mesmo de ser. Enquanto a escrita continuar a funcionar como uma espécie de terapia para mim, aqui andarei eu, em devaneios e textos enormes.