Há dias assim # 5
Há dias em que a esperança tende a morrer. Não porque queiras, mas porque os factos diante de ti te façam tomar essa difícil posição.
Os dias sem despertador começam por abrir os olhos, esticar os braços, bocejar e passar alguns minutos na cama (é dizer, entre meia e uma hora) de fones nos ouvidos a ouvir o teu artista de eleição. O malaguenho é o meu "Buenos días" quotidiano desde que começaram as férias, ainda que nem saiba se lhes posso chamar por este nome neste preciso momento.
Durante todo o dia ele faz-me companhia, desde a fazer o almoço, dar uma reviravolta ao roupeiro do quarto, até ao momento em que me sento sem sem ter nada que fazer. A malta cá de casa saiu toda, os meus fiéis amigos cães dormem e somente ele para não cair em tédio total.
No tablet entretenho-me no Youtube com aquilo que não deveria fazer: ver vídeos do Tour Terral. Não deveria fazê-lo, mas não aguento. Recordo-me das algumas belas horas que já passei nos concertos dele e bate uma saudade enorme. As lágrimas caem-me sem pedir permissão e a vontade de sair de casa e ir para casa do Zé mais velho para vê-lo é mais que muita.
Começo a falar para o malaguenho sem que ele sequer ouça um pio da minha voz. Eu pergunto-me pelo dia de 2015 em que o verei. Pois é, o panorama não é nada, mas nada famoso para o meu lado. Lisboa foi excluída na altura por ser longe, ter elevados custos e não ter companhia. Cantanhede deve ser mais uma a adicionar na lista dos "descartados". É justamente em dia de festa cá no concelho, em dia de jantarada e festa com a família, dia em que a família que se encontra fora regressa às origens.
Bem, 2015 acho que se vai juntar a 2014. Anos em que não fui a concertos do Pablo. O ano passado por ser "pausa", este por transtornos que adoraria que não acontecessem.
Isto tudo para não falar nas imensas páginas já gastas do meu diário com desabafos por causa dele. Há dias em que tenho necessidade de iniciar a escrita diária com "Querido Pablete" e por lá abaixo enveredar pelo sentimento, pelas lágrimas que tantas vezes borrata o azul da esferográfica.
Eu choro por ele, choro com ele e choro para desabafar com ele. Tudo sem ele imaginar semelhante. Não tem noção de absolutamente nada. E agora chamem-me louca. Eu um dia já chamei isso a pessoas que eram fãs de cantores, pois eu nunca jamais tinha vivido algo assim, tampouco iria ganhar tanto afeto por algum artista.
Pois é, tanto "desdenhei" que acabei por comprar, já diz a gíria popular. Já ouvi "És louca", "Isso um dia passa", "Ele não te dá nada".
Se eu me importo? Não... o que vai cá dentro só eu sei. Se os que estão ao meu redor que querem ver feliz, o malaguenho terá de estar presente. Eu seguirei a adormecer e a acordar com as suas canções, a cantar pelo corredor, a dançar ao som de "Pasos de Cero", a saltar com "Vívela", a emocionar-me com "Tanto", a cantar "Perdóname" de pulmões bem cheios.
A esperança pode cair, mas levanta-se. Há de chegar o dia. Aquele dia. Eu não direi o que fazer, pois não sei a minha reação. Tanto poderei sorrir e pular, como enveredar pelas lágrimas e pelo ranho e deixá-lo a olhar para mim como se fosse uma maluca...
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