Carta aberta a ti, que nunca a irás ler...

Pinning poppies in honor of #MemorialDay in the US "We cherish too, the Poppy red That grows on fields where valor led, It seems to signal to the skies That blood of heroes never dies.":

Decidi escrever-te. Sei que é certo que nunca na tua vida irás ler isto, mas, mesmo assim, tive necessidade de o fazer. Às vezes saem-se estas coisas da alma, não sei como controlar... apenas deixo-me levar e permitir que as palavras consigam descrever o melhor que puderem aquilo que sinto.
Poderia estar aqui com rodeios e fazer mil e uma perífrases e metáforas, mas, sendo eu pessoa com uma tanta veia para a escrita como para o lado mais racional, dir-te-ei isto assim mesmo: gosto... e (muito certamente), gosto a valer. Sabes bem do que falo, certo? Pois... eu creio que tu saibas, até porque alguém já deve ter-te dito, talvez. Ou então eu disfarço tão mal que já te deste conta disso.
Não fui eu que pretendi tal coisa... aliás, eu estava mesmo ciente de que nesta altura não deveria estar a deixar-me levar assim desta maneira. Ninguém me obrigou a gostar. Também não foste tu que provocaste isto, está descansado. Simplesmente aconteceu. Eu bem tentei recuar e dizer para mim mesma de que tal não estava a acontecer. Ups, contra a minha vontade e ao mesmo tempo para meu eterno gosto, isto prevalece.
O coração decidiu revoltar-se e lutar contra mim mesma. Pudera, decidiu lutar contra a pessoa que o carrega (mas será que eu o controlo?)! Estamos em confronto direto, pois até eu já declarei guerra a ele... qual dos dois irá ceder e cair, isso eu não sei.
Só quero dizer-te para não te preocupares. Sim, não te preocupes... tens sim esta carta para ti, mas uma dessas repleta de floreados, palavras bonitas e sentimento creio que não terás da minha parte. Essas fá-lo-as eu aqui na minha mente, que é melhor redator de cartas que possuo. Para quê mandar-te-las se não as lês? O tempo é precioso demais para escrever a quem não me lê.
Tu queres lá saber de mim, não é verdade? Mal me conheces e, na verdade, eu mal te conheço... quer dizer, eu capto mais que aquilo que julgas... que aquilo que todos julgam. É, eu também posso (talvez) surpreender como qualquer um. Sou um ser humano. Tu tens tanto por onde escolher... tens tantas a querer-te, gostas de outras tantas, para quê eu? Só doente é que o farias, eu sei.
Deixa lá... eu não fico magoada com isso, muito pelo contrário. Fazes tu muito bem em reagir assim, meu amigo. Fraco é o cão que vê o bife e não o come. Há sempre aquela altura em que odiamos comer sempre a mesma coisa.
Depois de tantas palavras vejo que, graças a ti, vi que sou um ser bipolar. Gosto (nem vale a pena completar a expressão) e isso não é ambíguo. Mas caramba... há momentos em que olho para ti e vejo tudo de bom, outras vezes simplesmente penso no quão mau és. Chamo-te cavalheiro e prepotente, especial e estranho. És a melhor pessoa do (meu) mundo e és tão filho da mãe ao mesmo tempo. És tão simples e tão complexo. Sei lá, és tanta coisa... talvez tudo aquilo que precise e não precise, que goste e odeie. És a antítese para um valente paradoxo, que sou eu. Pois é... talvez sejas o remédio ou a sentença.
Dizem que sou tão certinha. Eu digo que sou um ser totalmente incerto, pois eu desconheço-me a mim mesma. Eu nunca fui assim. Confesso que já chorei o que fui, mas logo vi que de passado ninguém vive. Eu já passei por tanta coisa, mais que aquilo que julgas. Já levei com mais espinhos do que rosas. Mas não quero que tenhas pena. Não sei se fui merecedora de passar por tanto, mas ao menos tudo me fez crescer e estar aqui e agora a escrever tudo isto com um nó da garganta que quase me estrangula. Mas isto não me mata nem me deixa impossibilitada de viver a vida e ser feliz.
Há imensa coisa que nos próximos tempos poderá passar. Estou preparada para tudo, mesmo para tudo. Tudo, tudinho, até o mais adverso e macabro. Se já digeri factos sobre ti e continuei a sorrir e a viver quando de repente só queria chorar ou até mesmo deixar de te ver, também saberei lidar com o que vier.
O que eu quero mesmo é que sejas feliz. Quanto a mim, eu cá me irei desenrascar e sê-lo também. É isso que eu quero, mesmo que para isso eu tenha que gastar lágrimas e horas da minha vida a lamentar-me, que tenha que ficar especada a pensar no que poderia ter acontecido e não aconteceu.
Sê feliz.
Acho que já escrevi o suficiente para terminar toda esta mensagem. Relembro: eu sei que nunca a irás a ler, mas isso não me afeta. Cada um mergulha à sua maneira como escape às coisas da vida e eu afogo-me em palavras. Quanto a estas últimas... pararei de escrever agora mesmo. Se isto fosse papel poderia manchar a tinta e ficar sujo, mas como isto me permitiu limpar a minha folha, a minha alma... paro agora.

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4 comentarios

  1. Andreia... Tanto jeito para a escrita!! Lindo texto!!
    Encontrarás o momento certo para lhe dizer o que te vai na alma...
    http://www.cosmopolitgirl.com/

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    1. Muito obrigado Ida :) Espero que sim, mas não é algo onde eu deposite toda a minha esperança

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  2. Nunca digas nunca. :P A mim já me aconteceu em eu desabafar no Twitter (sem mencionar nomes!) e a própria pessoa a quem eu queria chegar ler-me(sem eu saber que andava por aquelas bandas) porque depois vinha conversar comigo através de um outro meio de contacto.

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    1. Oh caraças! ahahah Mas estou certa de que isto só chegará ao conhecimento dessa pessoa se alguém que saiba que escrevi isto lhe disser. Disso não tenho dúvida (acho eu! ahahah)

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