(Só)ciedade
Nesta esferazinha ligeiramente achatada em dois pontos, que gira em torno de si própria e em volta de outra esfera de tamanho bem maior, existem uns seres estranhos. Chama-se Homem. Espécie que vê, cheira, fala, faz mil e uma funções e, mesmo assim, não é perfeito. Ora, pois claro, a perfeição nunca foi algo que andou por estas bandas de gente.
O Homem, espécie esta que somos todos nós que estamos a ler isto (a não ser que seja um robot que esteja a ler este meu pensamento diurno), é, de facto, tão distinto, mas tão distinto, que não compreende seres da sua espécie. É estranho! Se os bichinhos se entendem, se os cães conseguem, pelo menos, um "pingo" de boa relação, por exemplo, mas por que raio o Homem não o consegue?
Ando numa era de análise de personalidades das pessoas, uma espécie de "observatório da mente humana" e assusto-me verdadeiramente. Bom, susto, certamente, não é a palavra mais adequada; quero eu dizer, uma pergunta paira no ar e não sei, muito sinceramente, a resposta para ela.
Cá vai: onde estão as pessoas parecidas comigo? Onde estão as pessoinhas essas que têm gostos em comum que os meus ou que, pelo menos, compreendem a minha visão do mundo?
Se há algo que me põe de "cabelos em pé" é o facto de certo "estereótipo" de pessoas acharem-se superiores a ti, quando, na verdade, elas são iguais, sem tirar nem pôr, a nós, Iguais, ponto. Não têm maior cargo, mais idade, nada.
Especifico: são alunos, tal e qual como eu sou, estão na mesma turma que eu e, perante o professor que está perante nós, temos igual valor.
Basicamente, algo se passa e, segundo a minha perspetiva, isso chama-se "raiva", "dor de cotovelo" ou algo parecido. Não vejo outra hipótese. Se erramos, atiram-nos mil e uma pedras e fazem troça; se acertamos, até parece que as suas caras se tornam azuis ou verdes de tanta raiva.
"La madre que os parió" (não estou a ver outra expressão melhor, teve que ser em espanhol), mas por que porquinhos do talho é que são assim? Todos concordam que errar é humano, no entanto, vêem o erro do outro e pensam que, se fossem eles, não errariam. Então, eles afinal concordam ou não?
Quantas sinapses foram feitas para tentar responder, no entanto, foram sinapses em vão. Não sei, não sei mesmo. Existem seres tão rasca, mas tão rasca, que chegam aos pontos de mandarem essas "boquinhas foleiras". Onde estás tu, maturidade? Onde andas?
Ou eu sou mais madura, ou então sou uma pessoa muito estranha para achar parvo estas coisas. Achar isto "normal", é "ser normal"? Andar num mundo onde queres pisar tudo e tudo, onde queres ter sempre razão, mesmo quando as outras pessoas te demonstram que estás errado é o nosso mundo? Um mundo onde ninguém pode saber mais que tu, onde tu és o "eu faço tudo, eu consigo tudo" é esta o nossa querida Terra?
Por muito que me custe afirmá-lo, sim. De facto, não é a Terra que é assim, mas sim, a sociedade. Vivemos numa sociedade onde ninguém tem a coragem suficiente de assumir que sabe menos que outra pessoa, ninguém admite que os corrijam. Estamos num "habitat" onde ninguém tem consideração pelos outros, os seus interesses pessoais é o objetivo único e obsessivo a ser alcançado e o resto, que se lixe. Se alcançar os objetivos implica fazer injustiças, fazem-no; se isso implicar ter que perder um amigo, perdem-no. É assim, infelizmente.
Revolto-me com estes valores tão "rasca" que a sociedade adotou. Apesar de viver nesta mesma sociedade, recuso-me a adotá-los. Existem valores bem mais importantes que os materiais, que são. basicamente, os atuais.
Uma pessoa é grande não pelo que possui, mas sim pela sua intelectualidade, pela sua capacidade de interação, de compreensão, de saber ouvir. Que importa sermos os donos de todas as coisas do mundo? Que impora ter tudo, quando, na tua mente, não tens nada? Quando o cérebro só contém massa cinzenta inativa e o coração só bate para bombear sangue porque é uma atividade essencial à nossa vida, é mesmo ser grande quem tem tudo?
Olhem só o testamento que este tema já gerou. Esta é uma temática que tem "muito pano para mangas" e, se quisesse escrever o que por cá passa, escreveria bem mais que isto. Não estou para vos massacrar.
Por hoje é tudo, brevemente volto a "pegar" nisto e desenvolver um pouco mais.
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