Décima segunda carta à escola...
Cara escola,
Pelo décimo segundo ano consecutivo volto a escrever-te. Parece que foi ontem que estava eu a redigir a minha carta a ti, mentalmente, pela primeira vez. Ainda não sabia escrever nem ler, mas nessa altura já tive necessidade de fazer tal coisa.
Agora, tantos anos depois, aqui estou eu novamente. Tenho-te a dizer que já muito me ensinaste, mais do que aquilo que julgava. Além das matérias dos livros, ensinaste-me a crescer e deste-me lições para a vida. Dos amigos também não me posso esquecer, nem sequer das amizades passageiras que o tempo levou.
Nunca ninguém me disse que eras fácil, mas também nunca ninguém me disse que eras algo que se conseguisse ter sucesso com pouco trabalho. Comentaram comigo que irias fazer com que traçasse certos objetivos de vida, com que ganhasse novos sonhos e que descartasse outros tantos.
Sou mais uma aluna entre milhares. Sou dessas que passa despercebida e gosto de ser assim. Foco-me em ti e trabalho para o que quero. Não é que seja fácil, muito menos que tenha sempre total prazer, mas sei que um dia eu irei olhar para trás e ver que, afinal, tudo valeu a pena.
Esse momento está prestes a chegar e eu assusto-me. Como o tempo passou! Num ápice, estou eu a concluir o ensino obrigatório; já só falta um ano.
Para este último passo eu já tenho objetivos traçados. Eu vou entrar a lutar até ao fim e se para isso eu tenha de renunciar a mais caprichos, eu fa-lo-ei. Vai-me custar, eu sei; eu sou humana como os demais, também gosto de fazer certas atividades. Esforçar-me-ei ainda mais que no ano passado.
Olha só onde estou agora, cara escola. Tu, neste ano, ainda me irás ver comentar pelos corredores, juntamente com outros colegas, a tristeza de uma nota, a alegria de outra. Vais-me ver ansiosa, angustiada, a saltar de alegria.
Não me posso esquecer do facto de neste ano eu dar um passo importante. Estou a um passo de concretizar um sonho de menina: entrar na universidade. Tu sabes o quanto isso é importante para mim, tens conhecimento acerca donde pretendo chegar. Não é fácil, mas não é impossível.
Com tudo isto eu já te escrevo com aquele aperto no coração. Talvez eu goste mais de ti do que muitos alunos por aí. Talvez eu seja mais uma obcecada por notas, mas sabes que só o sou pelos objetivos que eu tenho. Eu quero ser alguém na vida, caramba. Quiçá às vezes eleve demasiado a fasquia, contudo, é isso que me faz lutar arduamente.
Sim, diz-me que sou demasiado certinha, até porque não estás a dizer nenhuma mentira. Eu sou pontual, entrego tudo a tempo e horas, consigo trabalhar sob tanta pressão que eu própria a aumento. Mas sabes de uma coisa? Até agora eu tenho vindo a receber as merecidas recompensas, vindo elas atempada ou tardiamente.
Mais um ano contigo. Vamos lá. Cooperemos mutuamente e algo de bom iremos alcançar, com muito esforço e dedicação.
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