Horóscopos, amor e afins

Mais uma vez vou dar uma espreitadela ao meu Facebook e como primeiro post no feed tinhas as previsões para o meu signo, Peixes. Na realidade, eu sigo isto, mas não me creio muito no que lá é escrito. Como podem generalizar tanto nas previsões? Pode acontecer a alguns, a outros não.
Mas bom, como o tempo tinha de ser passado com algo, abro o post e leio. Li a primeira, a segunda linha, e desde logo pontos positivos são apontados. “Um ano de muitas surpresas boas”, “novos desafios”, assim ditava o senhor horóscopo.
Bem que queria que isso fosse mesmo realidade. A sério. Acima de tudo isto, “uma pessoa vai entrar na sua vida e tudo vai mudar”, fez-me rir e ao mesmo tempo pensar. Em 359 dias que restam do ano 2015, até que se pode concretizar, mas duvido. Duvido muito. Mesmo muito.
Para quem acha o amor um sentimento deveras estúpido, demasiado “lamechas” e que deixa as pessoas numa parvónia (se é que esta palavra existe) sem fim, como acreditar em tal previsão? A minha credibilidade nisto é a mesma da meteorologia. Só vendo com os meus próprios olhos é que acredito. Ainda hoje previam chuva e não choveu. Lá está, previsões não significam que sejam certezas, por isso mesmo tem um nome adequado a isso.
Sinto-me bem com o amor que tenho: amor a mim própria. É simples. Amo-me a mim mesma e não é por uma questão de orgulho, mas de pura racionalidade. Se eu não me amar a mim mesma sobre todas as coisas, quem o fará? Nenhum sujeito se cativa a tal gesto por outra pessoa, nem com amor verdadeiro, que dizem existir.
Por amar-me tanto, não me deixo levar por ventos e marés, vôo em sonhos, mas sempre de pés firmes na terra, pisando bem o chão. Tremo, caio, mas logo me levanto e sigo em frente. Os meus objetivos de vida jamais são calcados por modas, opiniões e julgamentos de pessoas que na verdade só nos querem deixar na lama, sujar-nos bem, de tal forma que não nos poderemos limpar.
Quem sabe seja por isso que às vezes sigo sozinha enquanto mil e um conhecidos se fazem acompanhar por namorados ou amigos. Ou isso, ou quem sabe que isto seja a chave por ter êxito naquilo que realmente quero na vida. Digamos que o amor não consta da lista de prioridades. Dizem que a este ritmo “ficarás tia”, dizem. O que isso é relevante em mim? Tão relevante que nem faço caso, simplesmente.
Conselhos a mim mesma são poucos, conselhos aos outros, alguns sobre o amor, são muitos e geralmente acertados. É estranho, mas quase que se pode afirmar convictamente que a todos isto acontece.
Eu também tenho sentimentos, também sinto o coração a palpitar forte quando vejo certas pessoas, no entanto, a minha racionalidade nunca me deixou mal e até agora nunca me permitiu parvoíces amorosas.
Não é à toa que tenho sou admiradora nata de um homem, rapaz (o que lhe quiserem chamar) que canta o amor e que por ironia é o meu cantor favorito. Não é por que viva amores intensos e tenha tido relações amorosas, que isso não tive, mas simplesmente me faz voar com os pés no chão. É difícil de explicar a minha reação quando as suas canções soam, quando a sua voz se solta, tão angelical e natural que me tem cativa de forma única.
Do que ouço e vejo, do que me consta e sinto, o amor é um mapa, daqueles de estradas que constava nos carros. Esses mesmos, com “A1”, “N256”, bússola, escala e fronteiras. É um mapa que exige conhecimentos e calma do utilizador. Nem todos se sabem guiar, alguns aventuram-se, entram às cegas e até têm sucesso, já outros, com calma, guiam-se e não se perdem. Por muitos livros de instruções que existam e possam ajudar, a “genica” natural faz a diferença.
Sempre se atualiza, mas o essencial mantém-se. É o mapa, é o amor, que parecem coisas distantes e sem conexão e que hoje eu relacionei-os, talvez de forma tonta, talvez por inspiração. Não sei.
Voltando ao horóscopo, que de previsões isto se inicou e divaguei de forma complexa. Ele diz que será um ano muito positivo, que os de signo Peixes merecem tudo o que vem e que a felicidade vai reinar. Até parece que a vida é um mar de rosas. Parece, mas não é.
Sou muito jovem e com muito por viver, mas já tenho a perceção disso mesmo. Nada cai do céu, a luta é uma constante até ao fim dos nossos dias. O amor é uma luta, é sim.
Agora que dou conta, soltei uma das minhas vertentes filosóficas. Sim, vertentes. Sou muito pensadora e faço uso das palavras para expressar aquilo que da minha voz não sai a ninguém. Nem às paredes, nem para o céu, muito menos para pessoas, por muito próximas que sejam.
Solto lágrimas, interrogo-me, penso muito. Sozinha. Eu e sei lá mais o quê, que às vezes até sei que é a música, outras vezes a almofada da minha cama, que tanta lágrima e dor já aguentou. Tenho pena dela, tanto aguenta e nada reclama.

Encerro, por agora, os horóscopos e afins. É só uma previsão.

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