Thinking inside... | Os românticos e eu

Quando se está num grupo apenas de raparigas, é normal que um dos temas de conversa sejam os amores e desamores, os namoros e tudo o que esteja relacionado com o amor. Quando isto acontece a mim, sinto-me muito estranha. Sou a mais diferente de todas. Diferente em quase tudo. Opiniões distintas, pontos de vista diferentes, muitas vezes defendendo a parte masculina quando acho que têm razão.
Ouço de tudo. "Ofereceu-me um peluche", "Deu-me a tal almofada do coração". Muito bem, alguém que me diga: onde está o romantismo nestas coisas? Eu, muito sinceramente, não acho nada romântico oferecer este tipo de coisas. Tudo isto não passa de meros produtos criados como mais uma forma de se ganhar dinheiro, de se incentivar ao comércio e não ao apelar dos sentimentos verdadeiros.
Um "Amo-te" tem de sair da boca e não sair escrito numa almofada ou num peluche. De que vale dar mil e um objetos a dizerem frases "fofas", quando na realidade o que acontece é a inexistência do sentimento em si?
Ao dizer este meu ponto de vista com amigas, chamam-me estranha e dizem que não sou uma pessoa nada romântica. Sou feita de pedra e gelo, dizem.
Aliás, até dizem que é "normal" os rapazes terem ciúmes. Ciúmes existem, eu sei. Então é normal que se tenha ciúmes, por exemplo, quando se pergunta a um colega de turma qual é o tpc de uma dada disciplina? Quando simplesmente estás a dar "duas tretas" aos amigos?  É motivo para se ter ciúmes? Para se discutir e chegar ao ponto de se tratarem "abaixo de cão"? Poupem-me. Por favor, isto chega mesmo ao nível do absurdo, segundo a minha perspetiva.
Se isto é amor, então eu devo viver num mundo totalmente desconhecido. Devo mesmo. Já estou como os nossos irmãos brasileiros, "poxa a vida"! Eu estou em total desacordo.
Sou das poucas do meu grupo de amigas que não namora. Não namoro, nem tenciono fazê-lo tão cedo. Sinto-me tão bem amando-me a mim mesma. Não faz parte dos meu objetivos de vida relacionar-me com a primeira alma masculina que esteja interessado em mim. Nada disso.
Ainda que seja uma pessoa que, por natureza, tenha pouca paciência, nesse aspeto eu sou muito, mas mesmo muito paciente. Não é por ver quase todos os meus amigos a namorar que irei me atirar ao primeiro que me aparecer à frente. Nem irei "produzir-me" mais para atrair as atenções de alguém. Gosto tanto de ser discreta, como é que vou rumar para esse caminho? Impossível.
Primeiramente, há que amar-nos a nós mesmos mais que tudo e a seguir amar alguém. Mas ao amar, amar alguém que nos respeite tal como somos, que conheça os nossos defeitos e, mesmo assim, ame-nos da forma como somos. Que seja um cúmplice, um ser ao qual podes contar seja o que seja que irá respeitar, que irá dizer a sua perspetiva em vez de dizer sempre "Amén" só porque fica bonito. Que nos diga o que está mal quando nós não conseguimos ver. Que nos faça sentir especiais, que confie em nós o suficiente para não ter ataques loucos de ciúmes. Com atos deve demonstrar o amor, não com raminhos de flores e caixas de chocolates. Objetos devem ser complementos e não prioridades, não o " obrigatório fazer".
O amor vem quando quiser e não quando nós queremos. Simplesmente não podemos fazer uma chamada a ele e marcar um dia e hora para a sua visita. É algo que não se compra nem se descobre. Simplesmente vem, permanece, ainda que disso possam advir dificuldades para se chegar à profundidade do sentimento.


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