Julho = festa + regresso à terra


Como eu adoro o mês de julho! Para mim, este mês é sinónimo de festa, de verão a sério. As melhores festas realizam-se neste mês, é dizer, as Sebastianas, as festas do meu concelho e mais umas quantas que fazem com que nunca fique duvidosa acerca do destino. As noites prologam-se, a minha cama começa a sentir saudades minhas, acho eu.
Adormecer sempre depois da uma, duas da manhã (ou então às seis, sete) é vida. Acordar à hora do almoço e ficar na dúvida se hei de tomar o pequeno almoço ou ir já almoçar. A vida fica melhor.
Neste mês a família que se encontra um pouco espalhada por todo o mundo volta. Voltam os espanhóis, os franceses, suíços, angolanos... e mais uns quantos destinos que o fuso horário complica o contacto frequente entre eles.
Eles estão a chegar. É a prima fotógrafa da qual se viu obrigada a ir viver para Paris porque Portugal não quis fotógrafos. Agora trabalha para uma agência de moda e sei perfeitamente que para cá só regressa de férias. Só férias.
É o tio que foi solteiro para a Suiça, mas que foi não pelo país que lhe "expulsou", mas sim por amor. Também há motivos felizes para a emigração. Foi solteiro e agora regressa casado, com um filho, esperando já outro (do qual eu serei a madrinha). Tenho um sentimento especial por este meu tio. Considero-o mais como sendo meu irmão do que tio. Desde sempre tivemos uma relação espetacular, a quem ele sempre que ia buscar à escola, eu sabia que no tablier do seu carro teria um queque de chocolate ou um Chipicao. São coisas que marcam e hoje é ainda o dia que me chama "Jabarda" com um carinho muito especial.
Do Dubai chega a tia que, antes de ir lá parar, ainda passou uma temporada curta em Barcelona. Foi atrás do meu tio, engenheiro civil de formação, que Portugal de forma indireta lhe disse para partir. Esses voltam muito raras vezes. Há cinco anos que por lá andam e esta será a terceira vez que vêm cá.
Vem também o tio que há vinte e não sei quantos anos foi fazer umas curtas férias a Espanha com uns amigos e acabou por se apaixonar por uma espanhola, que é hoje minha tia. Voltou de férias, mas passados nem dois anos, regressou a terras de Cervantes e por lá ficou.
De Angola chega a "preta". Ela já tinha esta alcunha pelo facto de ser muito morena, mas nunca imaginou que um dia essa alcunha tivesse um significado ainda maior. E logo ela, que sonhava viver em Londres. O destino (se é que ele existe) quis que ela fosse para Luanda.
O primo dos States, que há uns meses regressou de San Francisco de forma definitiva, afinal veio por pouco tempo. Está prestes a voltar para o Uncle Sam, desta vez para a cidade que nunca dorme, New York.
Rara é hoje a família portuguesa que não tenha, pelo menos, um membro emigrado. Somos, de facto, país de "Saudade", palavra tão nossa.  Não existe vez nenhuma em que não vá ao aeroporto buscar familiares e não veja abraços, choros de alegria e de despedida. Até me aperta o coração e me faz perguntar se um dia destes não serei eu mais uma tuga a ter que fazer a mala e partir em busca de uma vida melhor.
Em julho há festa por variadíssimos motivos. Festas ao santo (festas populares), festas pelo regresso dos familiares, festa sem motivo. Julho é mês de festa... e que ele demore muito em passar, porque eu gosto de festa e gosto dos que regressam.


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