Ontem...
Por volta das nove e meia a luz do meu quarto acende-se e eu, ainda envolvida em sono, dou-me conta que quem acendeu a luz não foi ninguém cá de casa. Chegava a Rita, chegava a minha "français de las photos" e o meu primeiro instinto foi saltar do ninho e ir abraçá-la. Mas que belo despertar foi este, a saudade naquele momento tinha um sabor único.
Na verdade, éramos duas "Marias Madalenas" agarradas uma à outra, sem saber muito bem se nos estaríamos a rir ou a chorar, mas que algo se sentiu, disso nem eu nem ela duvidamos.
Ontem... foi mesmo dia de abraços.
Ao meio dia arrancava eu para o aeroporto. Os suíços acabavam de aterrar quando olhei pela primeira vez o painel dos voos de chegada. Já havia sentido muito, mas neste segundo reencontro, tornei-me pior que manteiga derretida.
Eu ali permanecia juntamente com o meu pai, esperando a sua chegada, enquanto ao meu redor outros chegavam, abraçavam-se. Reencontros de quebrar qualquer coração, especialmente quando uma menina pequenina vai a correr até ao pai, que pelos "ares" estaria emigrado. Eu resistia, ainda que custasse.
De repente lá vinham os três, com o carrinho cheio de malas e quando o meu primo me viu, desata a correr feito doido, chega à minha beira, agarra-se às minhas pernas e apenas me diz "Oh Zequinha". Cedi por completo, perdi a pouca resistência que tinha e agarro naquele traquina que tanto adoro. Ele já não me largou mais, nem sequer para me deixar cumprimentar os seus pais, meus tios.
Finalmente eles haviam chegado e tudo parecia ser diferente.
Recebe-los é das coisas pela que mais anseio o ano todo. Porque sei que duas vezes por ano eles cá vêem, porque foi por eles que fui pela primeira vez à Suíça e já perdi a conta aos voos Easyjet, Tap direção a Genebra, outras vezes a Basel. Também já posso contar viagens de 19/20 horas de carrinha até lá. Tantas histórias, que só me trazem sorrisos.
Ontem... foi mesmo dia de abraços... foi dia da SAUDADE.
À noite liga-me mais um tio. "Amanhã estaremos aí à tarde", Ora, logo à tarde vou sentir o que é saudade, mais uma vez, Só visitas, só reencontros agradáveis, A saudade finalmente tem outro sentido... porque eu sou portuguesa, porque SAUDADE é palavra única no nosso idioma,,, porque sei o que é SAUDADE.