Valha-me Nossa Senhora das Arrumações, que eu não sei como é que fiz semelhantes descobertas e só me dei conta de certos factos agora, sendo que vejo certos objetos todos os dias! Vá, isto agora que passou um suspiro de desespero e surpresa, aqui estão parte das descobertas melancolias passadas na tarde de ontem:

Vais organizar a gaveta onde tens a bijutaria e encontras quatro brincos sem par - e quase que choras de tristeza quando vê que um desses era o da bolinha dourada que a tua mãe te deu com tanto gosto! Que triste vida!

O par de brincos silver que mais veneras e que foi preciso teres ido à Suíça e entrar numa loja por acaso para te apaixonares por completo e gastares um absurdo (35CHF há 5 anos atrás), tem um dos seus elementos sem a ceninha de pôr na orelha. E são os brincos que tens há mais tempo na gaveta e não perderam a cor como alguns que tens há menos de um ano, estão novos! (A ver se nos senhores chinocas, que têm tudo, vendem destas pecinhas ou então vou fazer sofrer um par de brincos).

... e depois tens a bela ideia de pegar na peça de um fio de colar com o encaixe de peça decorativa (mas que a peça foi para o cu de Judas) e fazes esta (quase) obra de arte. O colar ficou mesmo giro! Agora estás mesmo na dúvida se queres voltar a pendurar este coraçãozinho lindo na tua orelha? (provavelmente sim, mas enquanto a peça não se arranja, vou aproveitando desta forma).

Fazes uma inspeção aos vernizes das unhas e, de 19, apenas ficas com 11 porque os restantes já estão pela hora da morte e só te iriam fazer irritar pois ficariam uma mer*a (e desculpem lá o termo, mas é assim mesmo) quando fosses a pintar as unhas com eles! Adeuzinho aos monos!

Finalmente consegues colocar a gaveta aparentemente organizada, ainda que saibas que em menos de duas semanas alguma coisa vai mudar outra vez, como sempre!

Fazes questão de guardar uma secção apenas e só para os brincos à vianesa (Viana de Castelo) que tu compraste com esse amor à primeira vista (que toda a mulher sabe) numa lojinha fofa em Viana, terra deles, quando foste à tua romaria minhota favorita, a da Senhora da Agonia. (Para não falar que olhas para eles e ficas com esse sorriso... sim, esse! Porque sabes que dentro de duas semanas vais pegar neles e ir para a terra deles para a galhofa!)

Passas à inspeção das malas e estas fazem-te um refresh a certas compras que fizeste e por momentos, assustas-te: é cinquenta e picos na Primark, é trinta e poucos na Mango, é vinte e muitos na Pinkie (ver as contas é sempre doloroso), mais uns trocos na Worten... e um bloco de post-its nos chinocas e um pacote de chiclas de mentol no Continente, etc, etc, etc...

Vês que na tua agenda ainda constam os bilhetes da tua viagem a Bruxelas no mês de Novembro, assim como o folheto sobre o Ébola que deram-te no avião (que na altura a doença abria telejornais e fazia capas de revistas), mais a reserva do parque para a carripana no aeroporto...

Depois soltas a franga e ris-te à fartazana porque dás-te conta que ainda tens a gostosa carta de condução que tiraste há 12 anos numa feira de automóveis em Paços de Ferreira, no stand da Volkswagen e ela ainda é válida! Vá, ainda vou pegar num carrinho desses a bateria - que foi num desses que tirei a carta - e vou aí para a estrada! (Carinha laroca cutxi xutxi...)

E no final de contas tens esta tralha toda pronta para ir para o lixo. Ele é vernizes, capa do telemóvel antigo, uma embalagem de fones, bla bla bla, lenços, papéis, talões, saquinha dos ovinhos de chocolate que a tia te deu na Páscoa (que acabei com o último nesse momento)... lixinho!

... e livrai-nos da próxima arrumação, Amén!