Há dias assim...# 9


Um dia destes perguntaram-me, com a maior sinceridade do mundo, como é que eu, estando nesta idade, eu tenha a personalidade que tenho. Os da tua idade só pensam em borgas e boa vida... estão nem aí para certas coisas, dizem.
Ora, pois, eu acho que consigo dar uma explicação de tal facto. Comecemos pela parte: estou na adolescência e talvez seja por isso que me digam e me perguntem tais coisas.
Às vezes, eu bem que gostaria de ser mais uma adolescente despreocupada com o futuro, que se não der pra'uma coisa, vai-se pra outra... mas eu simplesmente não me identifico.
A vida fez-me amadurecer mais cedo porque em 17 anos de vida já levei com mais espinhos do que com rosas. Não é algo com que eu me sinta confortável em falar profundamente e, por isso mesmo, eu tento passar sempre a imagem de que sou uma adolescente normal, que tem uma vida linda e não há problemas.
Pessoas normais (que somos todos nós) temos os nossos problemas e com eles temos de levar a vida, ainda que nos custe. Deitar a toalha ao chão, fugir dos problemas, não é solução para nada. Afinal, a própria vida é um problema difícil de explicar. Até porque até hoje ninguém soube definir, de forma universal - como definição de dicionário - o significado do termo vida.
Já passei por crises que não desejo sequer aos meus piores inimigos. Meia volta a vida dá-me um susto sob o qual eu muitas vezes não sei onde vou buscar coragem para seguir em frente. Ainda hoje é o dia em que não sei o que me dá tanto alento e força para seguir sorrindo para a vida, ainda que esteja em plena tempestade.
Já perdi conta às lágrimas que derramei na almofada da minha cama e às folhas e canetas gastas em desabafar tudo aquilo que não me sai pela boca. As minhas lágrimas só eu as vejo. E creio que desafogar-me na solidão tem sido o remédio santo para me curar, ainda que já me tenham dito, entre psicólogos, amigos e familiares, que não é a melhor solução.
Falando em psicólogos... não tenho vergonha em dizer que já usufruí dos seus serviços e ainda há pouco tempo o fazia. Para quê? Provavelmente para seguir em frente mais depressa ou para parar de matutar tanto em coisas que não são tão importantes. Não resultou plenamente, mas de lá tirei alguns ensinamentos. E a eles tenho que agradecer a paciência que tiveram comigo.
Há que saber sorrir no meio do problemas e estar sempre meio preparado de que hoje podemos ter um dia de sol e, no dia seguinte, uma tempestade pode cair. Cada dia é um constante ajuste àquilo que aparece pelo caminho.
Adaptar... é uma das palavras de ordem, ainda que muitas vezes não compreendamos o porquê. E aí surge uma cisma, e outra e outra... e de repente és um filósofo nato, cheio de perguntas que de respostas são escassas; muito escassas.
Perguntas, refilas, buscas a resposta... mas assim temos todos de viver, cada um à sua maneira (o termo viver a vida é bem subjetivo) e, quanto mais olhas para a sociedade em busca de opiniões, mais te enterras e deixas de ser tu mesmo. Nada como demonstrar aquilo que somos, ainda que para isso tenhas que levar com não, tenhas que ser ignorada pelas pessoas, que ter que discutir talvez com aqueles que jamais querias que isso acontecesse... ser gozado, levar com um "menos, miúda!", fazer com que meio mundo olhe para ti com cara estranha. Mas ao menos estás com paz interior.

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